NESSE ESCRITÓRIO NÃO TEM DOUTORA

Logo que me formei, em um dos meus primeiros “voos” sozinha como advogada, fui fazer uma audiência no Juizado e me deparei com um colega, xóven também, obviamente começando a carreira também, com um BAITA anel de grau no dedo.⠀⠀

(pausa dramática para vocês entenderem o choque que eu senti)

Eu tinha 25 anos, tinha formado frustrada do curso de Sociologia por achar que com ele não conseguiria mudar o mundo, tinha um milhão de ideias sobre o Direito como instrumento de justiça social… Ver aquele rubi do tamanho de um feijão em um pivete que mal tinha saído da graduação foi desalentador para mim. “Mas Gabi, que drama é esse?” vocês vão dizer. “O cara só estava orgulhoso da sua conquista, ou era do tipo tradicional… Qual o problema?” ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

O problema, minha gente, é a tal da distinção… Aquilo que nos eleva, nos faz especiais, ressalta o nosso mérito. Não preciso discutir aqui todos os BOs da tal da meritocracia, né?

Terno, gravata, anel de grau, bottom da OAB, juridiquês, ser chamado de Doutor… tudo isso é instrumento de discriminação. São símbolos para nos afastar daqueles que atendemos, nos dar aquele ar superior. É isso que queremos, em pleno 2020? Temos que discutir estes instrumentos de poder, minha gente.

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